Irmão Michelson, não sou
adventista nem guardo o dia literal de sábado, mas entendo que pela contagem de
dias do sistema do nosso calendário ocidental não tem como literalmente guardar
o dia de sábado corretamente, até porque cada sábado da semana, na maioria das
vezes, não corresponde ao sábado que Deus instituiu pelo calendário hebreu. Ou
seja, vocês guardam o sábado achando que sempre guardam os sábados, mas,
na verdade, guardam também domingos, segundas, terças, quartas, quintas e
sextas. Cada mês do calendário hebreu começa na lua nova, e cada mês
tem somente 29 dias. Não entendo que guardar o sábado na nova aliança de
Cristo, que é o Senhor do sábado (Ele é o nosso Shabbat), que fez o sábado “para
o homem” (pois assim está escrito em Marcos 2:27), seja da mesma forma que
guardar o sábado na antiga aliança. Tudo se cumpre em Cristo, não em nossos
esforços. A verdade e a Palavra acima de tudo e de todos, ainda que elas nos
aborreçam! Sei que é difícil largar nossas crenças a favor da verdade... mas
elas não podem ser mais importantes que Aquele que é a própria verdade.
Amém?! Deus te abençoe! – F.
Resposta:
Prezado
F., a pedido do amigo Michelson Borges, tenho o prazer de responder a sua pergunta.
Realmente, toda a verdade deriva de uma pessoa divina, Jesus Cristo. Ele é a
própria verdade e devemos seguir Seu exemplo e Seus ensinamentos. Sua dúvida é
interessante e vou tentar respondê-la de forma bastante sucinta, lembrando que
basta algum conhecimento de história e uma boa pesquisa sobre como funcionam os
diferentes calendários pode resolvê-la. Não sei se você sabe, mas há registro
de que mais de 70 calendários diferentes já foram usados no mundo! Alguns deles
ainda são adotados pelo mundo hoje, em diferentes países ou por diferentes
religiões. O interessante é que a maioria absoluta desses calendários em uso ou
em desuso emprega uma semana de sete dias que não depende do ciclo mensal. Uma
pesquisa feita pelo bispo episcopal William Meade Jones no século 19 revelou
que em 160 idiomas diferentes o sétimo dia da semana tem uma aproximação
linguística muito nítida com a palavra hebraica shabbath, empregada na Bíblia. Em todas essas culturas o sábado é o
sétimo dia da semana.
A
dúvida que você expressou surgiu no século 19, quando Franz Delitzsch, um
estudioso da língua hebraica, propôs uma teoria para explicar o surgimento do
sábado. Na época, estava em moda entre muitos teólogos questionar a
historicidade do relato bíblico. Os teólogos liberais diziam que a maioria dos
textos bíblicos do Antigo Testamento foi escrita pouco antes ou pouco depois do
exílio babilônico e que não era um relato fiel da história. Alguns desses
teólogos acreditavam que a religião hebraica havia evoluído do politeísmo
mágico para um monoteísmo ético por volta desse tempo.
Delitzsch
inventou a teoria de que a guarda do sábado foi aprendida pelos judeus com os
babilônios. Acontece que no mês babilônico havia alguns “dias de azar”, em que
determinadas atividades deviam ser evitadas para não atrair maus agouros. Esses
dias eram datas fixas no mês. Como estavam dispostos em intervalos que variavam
entre cinco e dez dias, Delitzsch imaginou que esses dias de azar deram origem
ao sábado bíblico.
Acontece
que a teoria de Delitzsch para o surgimento do sábado semanal caiu em
descrédito diante das descobertas arqueológicas. Calendários hebraicos
pré-exílicos foram descobertos, evidenciando que os israelitas já tinham uma
semana de sete dias que independia do ciclo lunar mensal. A lua nova podia cair
em qualquer dia da semana, os dias do mês variavam na semana, e todas as festas
israelitas eram em datas móveis em relação aos dias da semana e fixas em
relação aos dias do mês. A importância do calendário israelita para a religião
deixou muitos registros escritos, de uma forma que hoje é possível calcular com
incrível precisão em que dia da semana e do mês israelita determinado evento
histórico aconteceu, além de ser possível a conversão das datas do calendário
israelita antigo para os calendários gregoriano ou juliano. Há inclusive
programas de computador que fazem esses cálculos. A história tem confirmado que
as palavras da Bíblia são um relato preciso do que realmente aconteceu.
Portanto, o sábado bíblico é o sétimo dia de um ciclo semanal que remonta à
criação do mundo (Gn 2:1-3; Êx 16; 20:8-11) e não depende do dia do mês.
É
interessante que os únicos calendários em que o ciclo da semana depende do
ciclo do mês foram os calendários da Revolução Francesa (semana de dez dias) e
o calendário adotado na União Soviética na década de 1930 (semana de seis
dias). Ambos os calendários foram criados por governos ateus com o claro
propósito de ocultar os dias de guarda das religiões judaica e cristã. Vale
lembrar que ambos os calendários vigoraram por breve tempo e não contaram com a
aceitação do povo.
Judeus
e alguns grupos cristãos têm guardado o sábado desde os tempos bíblicos. É
incrível como esses grupos de religiosos, muitos dos quais permaneceram séculos
sem contato uns com os outros, nunca perderam a contagem do sábado do sétimo
dia! Cristãos sabatistas na Índia, na Armênia, na Rússia, na Etiópia e na
Europa Central guardaram o sábado desde os primeiros séculos da era cristã,
sempre no mesmo dia da semana, apesar de um grupo não ter contato um com o
outro. Judeus chineses permaneceram até o século 19 sem contato com outros
judeus, mas observavam o mesmo sábado do sétimo dia de um ciclo semanal, o
mesmo dia que, no final do século 20, descobriu-se que o povo sul-africano
lemba observava havia mais de mil anos sem contato com outros povos observadores
do sábado. E note que esses grupos viveram cada um em uma cultura em que se
usava um calendário civil diferente, mas todos guardavam o mesmo sábado do
sétimo dia.
Portanto,
irmão F., o argumento de que o sábado nos tempos bíblicos era uma data mensal
não conta com nenhum fundamento. Vale lembrar que o calendário gregoriano,
criado no século 16, não alterou o ciclo semanal observado pela igreja desde os
tempos apostólicos e coincidente com o ciclo semanal de outros calendários. Da
mesma forma, há evidências mais que suficientes de que as reformas a que o
calendário israelita se submeteu até hoje só ajustaram o complicado esquema
lunissolar; nunca afetaram o ciclo semanal, que sempre foi independente dos
dias do mês.
Portanto,
os adventistas do sétimo dia e vários outros cristãos de outras igrejas que
guardam o sábado fazem-no com a segurança histórica de que observam como santo
o mesmo dia que Jesus Cristo, Paulo, os apóstolos e Maria, mãe de Jesus,
guardaram, segundo o Novo Testamento. O mesmo dia de um ciclo que vem desde a
criação do mundo. Um dia que, independentemente do calendário adotado, é o
sétimo dia da semana.
Há
uma interessante matéria sobre o assunto que escrevi para o blog do amigo
Michelson há alguns anos. Ela pode ser acessada aqui.
Também recomendo muito os livros Do Sábado Para o Domingo e O Sábado na Bíblia.
Não
sei se você sabe, mas os adventistas do sétimo dia guardam o sábado como um
sinal da aliança da graça. Assim como o pecador precisa cessar suas próprias
obras e descansar na graça de Cristo, o sábado é um símbolo real que lembra ao
cristão que, quando ele interrompe suas obras semanais e descansa no sétimo
dia, vive uma extensão prática da fé na graça de Deus, confiando que o mesmo
Cristo que pode suprir a salvação para um pecador que não tem como trabalhar
mais pela sua própria salvação, também supre com o sustento para essa vida
material quem entrega sua vida para Deus e nEle descansa. Ao ler Hebreus 4,
você perceberá como no Novo Testamento o sábado é apresentado como sinal de
nosso descanso em Cristo.
Espero
ter respondido a sua dúvida e incentivo você a conhecer melhor o sábado na
Bíblia e a confiança que o Espírito de Deus o guiará a um compromisso maior com
o Mestre Jesus Cristo.
Em
complemento à resposta dada à pergunta sobre o dia longo de Josué (confira aqui), seguem abaixo mais dois comentários, do geólogo Marcos Natal de Souza e do astrofísico
Eduardo Lutz:
“A
Bíblia é a palavra inspirada de Deus e fonte de toda a verdade, entretanto, foi
escrita por homens de culturas diferentes, com conhecimentos diferentes e em
épocas também diferentes, num período de mais de 3.500 anos. Essa linguagem
poderia conter ‘erros’, uma vez que o conhecimento humano acerca da natureza esteve
sempre em mudança. Entretanto, não seriam erros no sentido estricto, mas formas
diferentes de entender o mundo que nos rodeia. Esse conhecimento acerca do
mundo e de como ele funciona foi diferente para Abrahão, Moisés, Josué, Davi,
Josias, Paulo e outros. Entretanto, essa linguagem humana transmitia uma
mensagem muito superior, de índole puramente religiosa, esta, sim, imutável,
pois a Palavra de Deus não muda. Para que Deus pudesse Se comunicar com o ser
humano Ele teria que se expressar na linguagem e na cultura humanas, caso
contrário, não seria entendido e a Bíblia se tornaria um livro de acesso
somente aos ‘iniciados’, mas esse não é o objetivo da Bíblia. Voltando ao caso
de Josué, alguma coisa sobrenatural realmente aconteceu. Do ponto de vista de
um observador na Terra, o Sol realmente se deteve e voltou a se movimentar
lentamente até o fim do dia, o que sugere uma visão de mundo geocêntrica. Se
não foi o Sol que parou, foi a Terra que deixou de girar. Se isso acontecesse
naturalmente, ou seja, se a Terra parasse de girar de forma repentina, é
provável que toda a vida teria sido extinta. Afinal, a velocidade de rotação, por
exemplo, em Brasília, é da ordem de 1.600 km/h. Qualquer pessoa ou coisa nesse
paralelo seria arremessada tangencialmente para a atmosfera a essa velocidade.
Uma catástrofe sem dimensões! Nesse caso, prefiro aceitar pela fé que Deus
operou um grande milagre, como tantos outros” (Dr. Marcos Natal de Souza).
“A
rigor, se a Terra para de girar, é tecnicamente correto dizer que o Sol para no
céu. E isso não é Relatividade. Já se usavam diferentes referenciais na teoria
de Newton também. Considerar a Terra como parada e o resto do Universo como
girando ao redor é um referencial possível e até utilizado na prática,
dependendo da aplicação. Não é tecnicamente errado fazer isso. O problema é que
esse não é um referencial inercial e faz com que as leis físicas pareçam muito
mais complexas do que o necessário. Por isso, em geral, os físicos usam outros
referenciais. Também trabalhamos com abordagens independentes de referenciais.
Na Relatividade, por exemplo, podemos usar uma notação da Geometria Diferencial
que independe de referenciais, mas normalmente preferimos trabalhar com
referenciais que simplifiquem os cálculos, após provar que as equações
utilizadas são válidas em todos os referenciais. Outro detalhe: se frearmos um
carro bruscamente, sentimos os efeitos da aceleração. Se o carro bater, a
aceleração (taxa de alteração de velocidade) é tão alta que tem efeitos
catastróficos. Mas, se pararmos um carro por meio de um campo gravitacional,
ninguém nota. Se Deus parou a rotação da Terra por meio de um campo
gravitacional bem planejado, isso não causaria qualquer efeito observável na
Terra. Em suma, quando Josué diz que o Sol parou, está tecnicamente correto,
pois o referencial usado era obviamente o do ambiente dele, ou seja, da
superfície da Terra” (Eduardo Lutz).
[Estas
considerações sobre a prática do sexo no sábado representam o entendimento do
autor sobre o assunto e têm que ver especificamente com pessoas que guardam o
sábado como dia sagrado. Este material tem como objetivo testar os argumentos
utilizados a favor do sexo no sábado à luz da Bíblia e do Espírito de Profecia
e propor uma visão alternativa ao “pode”. O autor não encontrou praticamente
nenhum material contra a prática de sexo no sábado, apenas a favor. Apesar de a
Igreja Adventista do Sétimo Dia não ter um posicionamento oficial sobre essa
prática, só se encontram textos a favor. Vários desses materiais foram lidos pelo
autor deste artigo e seus argumentos analisados à luz da Bíblia, dos escritos de
Ellen White e da razão. Logo a seguir a este texto, há três defesas do “pode”.
Leia tudo e tire suas conclusões.]
Ellen
White escreveu o seguinte sobre o cuidado que devemos ter em relação ao que consideramos
certo ou errado quanto à santa lei de Deus e, em especial, quanto à guarda do
sábado: “A lei de Deus é o Seu grande padrão de justiça. Os homens podem, com
suas ideias finitas, criar um padrão próprio, e afirmar que eles são justos;
mas é o padrão de Deus que julgará cada homem naquele grande dia. Os reclamos
do sábado não devem ser considerados de forma a mostrar somente um respeito
parcial, para fingir guardá-lo, tornando-o inteiramente um assunto de
conveniência” (Manuscrito 34, 1897).
Deve-se
procurar o padrão de Deus na questão sobre o sexo no sábado e ajustar nosso
padrão ao padrão dEle. Boa parte das falas a favor do sexo no sábado são
sátiras, zombarias, escárnios apresentados como “argumentos”. Essa abordagem
debochada tenta impor uma superioridade de argumentos, sem ter nenhum
argumento. Outro grande grupo de “argumentos” a favor do “pode” são as falácias
do tipo argumentum ad hominem, quando
se procura negar uma proposição focando no autor e não no argumento. São frases
do tipo: “Se você tiver um pensamento equivocado sobre o sexo ou sobre a
sexualidade, então você será contra o ‘pode’.” “Se sua visão for de que o sexo
seja nojento, então você será contra o ‘pode’.” “Se sua visão for correta,
então você será a favor do ‘pode’.” “Se você for um pervertido sexual, o sexo
no sábado será pecaminoso para você.” “Se você for instruído e inteligente,
apoiará o ‘pode’, mas se você for um cristão imaturo, apoiará o ‘não pode’.” “Se
um homem defender o ‘não pode’, até mesmo sua masculinidade será questionada.” E
etc.
Frases
desse tipo servem para intimidar os que pensam diferente e pressioná-los a
aceitar o “pode” sem questionar, ou os levam a ficar em silêncio para não se
expor como “doentes”, “pervertidos”, “imaturos espirituais” ou outros termos
pejorativos similares. Isso acontece muito em encontros de casais. Relatos de
participantes demonstram que muitos permanecem em silêncio para não ser objeto
de piadinhas.
Outro
“argumento” muito utilizado é o argumentum
ex silentium, ou seja, por mais que o sentimento interior das pessoas
chegue à conclusão natural de que “não pode”, o fato de se não ter um texto
claro proibindo, então, garantiria a total liberação. Como existe um silêncio,
então “pode”. Porém, esse mesmo argumento do silêncio pode ser utilizado para o
“não pode”, pois também não existe nenhum texto dizendo que “pode”. Assim, esse
argumento se anula por si só.
Um
argumento básico para o “pode” é a visão judaica liberal sobre a questão. Os
judeus praticantes podem ser excessivamente cuidadosos com a guarda do sábado.
Deve-se lembrar que eles podem estar coando mosquitos e engolindo camelos, como
em muitos outros casos, parafraseando as palavras de Jesus em Mateus 23:24. Os
judeus ortodoxos são contra a prática sexual aos sábados. Em suma, a guarda do
sábado por um adventista não pode ter como referencial a observância judaica.
“Cristo,
durante Seu ministério terrestre, deu ênfase aos imperiosos reclamos do sábado;
em todo o Seu ensino Ele mostrou reverência pela instituição que Ele mesmo
dera. Em Seus dias, o sábado tinha-se tornado tão pervertido que sua observância
refletia o caráter de homens egoístas e arbitrários, antes que o caráter de
Deus” (Profetas e Reis, p. 183).
Será
que nos dias atuais o sábado tem sido pervertido e tem refletido o caráter
egoísta e arbitrário dos que dizem guardá-lo, assim como os judeus do tempo de
Jesus? Parece muito ingênuo supor que nos dias atuais haveria um total e
completo entendimento sobre a observância do sábado, ignorando-se as ações do
inimigo de tentar destruir essa bênção.
Alguns
imaginam que na sexta-feira da criação Adão e Eva não deixaram passar o sábado
para usufruírem a bênção da sexualidade. Esse argumento deve ser mais bem
analisado para que se possam tirar as devidas conclusões sobre o assunto.
Adão
e Eva foram criados no sexto dia da semana da criação. Assim que Deus os criou,
determinou sua alimentação (comida), disse que deveriam se multiplicar (sexo) e
cuidar do jardim (trabalho). O texto de Gênesis não afirma que essas atividades
não poderiam ser desenvolvidas no sábado. Não fala nem mesmo contra o trabalho
no sábado. Portanto seria absurdo tentar justificar a prática do sexo sabático
com base em um relato que sequer restringe o trabalho aos sábados. Deus havia
acabado de criá-los e dito que eles iriam trabalhar, e mesmo assim não temos o
relato de que eles não poderiam trabalhar aos sábados. Por que querer que Deus
deixasse por escrito a especificação quanto ao sexo? O texto de Gênesis não é
suficiente para se chegar a qualquer conclusão favorável ao sexo no sábado.
Adão
foi criado antes de Eva. Após conhecer o Jardim, a natureza, os animais, ele
percebeu que faltava alguém semelhante a ele, que o completasse emocional, física
e espiritualmente. No momento dessa confusão de sentimentos, Deus o coloca para
dormir e cria Eva. Ao acordar, Adão percebe que não mais está só. Alguém muito
especial está ao seu lado. Deus a apresenta a Adão.
Na
atualidade, se uma moça fosse apresentada a um rapaz, ele rapidamente iria
observar o corpo da jovem. Mas será que foi isso o que aconteceu com Adão e
Eva? Não se pode olhar com nossos olhos o que aconteceu com seres santos,
recém-criados. E se isso aconteceu, mesmo assim ainda era o sexto dia. Por que
razão eles deixariam escurecer para só depois se unirem sexualmente? Com
certeza, eles não teriam vergonha de fazer durante o dia algo “liberado” por
Deus. Por que esperariam para a noite?
Porém,
parece que havia tantas coisas a serem admiradas e tantas conversas a serem
desenvolvidas no sábado que o quadro de um Adão “correndo atrás” de Eva não
parece ser a melhor opção. O que você imagina diz mais sobre você do que sobre
o que realmente aconteceu com o primeiro casal no primeiro sábado.
Alguns
tentam se apropriar de uma versão católica do domingo ao aplicá-lo ao sábado
como o dia da família e, por tabela, o destaque fica para a sexualidade
matrimonial. Porém, a Bíblia diz claramente que o sábado é o dia do Senhor (Isaías
58:13; Marcos 2:28; Apocalipse 1:10). Por mais que a família seja importante,
ela não está no lugar de Deus, o verdadeiro Senhor do sábado. Mais uma vez deve-se
colocar o casamento no seu devido lugar, abaixo de Deus e de Sua lei.
Outro
argumento apresentado a favor do sexo no sábado é o de que quem não concorda
está apoiando uma espécie de ascetismo religioso (privação dos prazeres) com o
objetivo de alcançar determinado nível espiritual. Esse argumento é uma espécie
de falácia do espantalho, tentando criar algo absurdo, diferente do que é dito
para ter mais força argumentativa. Só que essa afirmação não é verdadeira. Quem
é que de fato está se privando de mais prazer? Quem faz sexo depois de uma
semana com intensas atividades, estresse, preocupações, cansaço e baixos níveis
de energia, ou quem faz sexo depois de um dia de descanso? Quem está se
privando de prazer? Obviamente o que faz na sexta-feira à noite não desfrutará
tanto quanto o que faz no sábado à noite.
Ellen
G. White apresenta alguns textos sobre prazeres que realmente devem dar lugar a
outros no sábado:
“Procurar
prazeres, jogar bola, nadar, não era uma necessidade, mas pecaminosa
negligência do dia sagrado santificado por Jeová” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 258). O sábado é um dia em que
devemos focar nas atividades que nos aproximam de Deus. Apenas as que
caracterizam uma necessidade podem ser justificadas, de acordo com Ellen White.
O sexo no sábado não é uma necessidade assim como o é a alimentação, o dormir à
noite, o tomar água ou o respirar. E também não é uma prática que aumentará a
espiritualidade ou a intimidade com Deus. As coisas proibidas para o santo
sábado não são pecaminosas em si mesmas. Trabalhar, estudar, nadar, correr, etc.
são atividades proibidas no sábado para darem lugar a atividades de
relacionamento íntimo com Deus. Simbolicamente, pode-se dizer que o “sexo” no
sábado tem que ser com Deus e não com o cônjuge.
“Estamos
em perigo de fazer a nossa própria vontade no dia de sábado” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 258). Estaria
Ellen White propagando o ascetismo? Claro que não. A questão é que no sábado
devemos esquecer nossa agenda e lidar apenas com a agenda de Deus. Por isso é
importante identificar a agenda de Deus para o sábado e se adequar a ela. O ser
humano tem seis dias para sua agenda. O sétimo dia é para a agenda de Deus.
O
Dr. Alberto Timm, no livro O Sábado na
Bíblia (CPB), página 116, apresenta uma lista de coisas prazerosas que não
são condizentes com a observância do sábado. Dentre elas, ele cita “frequência
aos shoppings e parques de diversão;
exposição a notícias, músicas e programas seculares da TV, rádio ou internet;
participação em esportes, jogos de mesa ou jogos eletrônicos; banhos públicos
em praias ou piscinas; conversas de cunho secular, etc.”. Será que o Dr. Timm
está pregando o ascetismo?
Dentre
as atividades recomendadas pela Bíblia para o sábado não aparece o sexo.
“A
verdadeira observância do sábado significa uma ruptura com a rotina da vida [...]
sintonizando-a com os valores espirituais e eternos” (ibidem, p. 119).
A
Bíblia afirma que, após a ressurreição, seremos como anjos, ou seja, no Céu a
sexualidade dará espaço para outras realidades. O sábado é um dia focado no Céu.
Hebreus 4 destaca o sábado como um tipo do Céu. Nessa linha de entendimento,
não há espaço para o sexo no sábado, assim como não haverá sexo no céu.
Ellen
White complementa, em Testemunhos para a
Igreja, volume 2, página 702: “Você precisa ter mais alta compreensão dos
reclamos de Deus com respeito ao Seu dia sagrado [precisamos elevar a visão do
sagrado em relação ao sábado, e não diminuí-lo com atividades boas, mas
destinadas aos outros dias]. Tudo o que possivelmente pode ser feito nos seis
dias que Deus lhe deu, deve ser feito [o sexo pode ser feito nos demais dias da
semana? Pode. Então não há necessidade de deixá-lo para o sábado]. Você não
deve roubar a Deus em uma única hora do tempo santo [nem uma hora]. Grandes
bênçãos são prometidas aos que colocam sobre o sábado um alto valor e
compreendem as obrigações que sobre eles repousam com respeito à sua
observância. ‘Se desviares o teu pé do sábado [de pisoteá-lo, desprezando-o],
de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso e
santo dia do Senhor digno de honra, e se o honrares, não seguindo os teus
caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas
próprias palavras, então, te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as
alturas da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai; porque a boca
do Senhor o disse’ (Isaías 58:13, 14).” Comentários acrescentados dentro do
texto entre colchetes.
Ao
começar o sábado, devemos nos colocar em guarda, cuidar de nossos atos e
palavras para que não roubemos a Deus, apropriando-nos para nosso próprio uso
daquele tempo que pertence estritamente ao Senhor. Como se rouba a Deus
apropriando-se do que pertence estritamente a Ele? Por meio de atos e/ou
palavras para o nosso próprio uso, nosso próprio interesse. O sexo é do nosso
interesse? Sim. Então deixe para os demais dias da semana. Será que tem que ter
sexo todos os dias da semana, inclusive no sábado? Nem o sábado pode ser
poupado? Seis dias da semana é pouco para os interesses pessoais? Será que é
necessário roubar o tempo de Deus?
É
claro e evidente que a Bíblia não apresenta respostas para todas as questões
quanto ao que se deve ou não fazer aos sábados. Mas a Bíblia apresenta
princípios básicos que devem nortear as questões específicas. A Bíblia não
proíbe especificamente o fumar maconha. Mesmo que alguns utilizem argumentos
como “vantagens” para seu uso, o princípio que a Bíblia apresenta é o do
cuidado do corpo.
Isaías
58:13 e 14 apresenta alguns pontos relevantes que devem ser analisados: (1) não
cuidar dos seus próprios interesses; (2) não seguir seus próprios caminhos; (3)
não pretender fazer sua própria vontade; (4) não falar palavras vãs. O
resultado de se seguir essas recomendações será: “Então te deleitarás no Senhor.”
Quando toda a sua agenda for tirada do foco, então, e só então, você se deleitará
no sábado do Senhor.
“Nenhum
trabalho que vise prazer... é lícito nesse dia” (O Desejado de Todas as Nações, p. 138). Nenhuma atividade que tenha
o foco no prazer, como o sexo, por exemplo, é lícita para o sábado. Deus deu à
humanidade seis dias, e o sétimo é dEle. Depois mais seis dias, e o sétimo é de
Deus, e assim sucessivamente. O que faz algumas pessoas suporem que Deus não tenha
direito à exclusividade de pensamento e de atenção? O que faz algumas pessoas
acharem que possam tratar de aspectos mais pessoais em detrimento de uma
dedicação mais integral a Deus?
“Há
maior santidade no sábado do que lhe atribuem muitos que professam observá-lo.
O Senhor tem sido grandemente desonrado por parte dos que não têm observado o
sábado conforme o mandamento, quer na letra, quer no espírito. Ele sugere uma
reforma da observância do sábado” (Testemunhos
Seletos, v. 3, p. 20, 21). Muitos pontos relativos à observância do santo
sábado precisam ser reconsiderados e reformados para que se não venha a
utilizar esse dia para os próprios interesses. Alguns trabalham tanto durante a
semana que quase não têm tempo para dormir, e procuram “repor o atraso”
dormindo boa parte do sábado. Outros fazem algo parecido em relação ao sexo e à
família. Durante a semana, a família é praticamente desprezada e o sexo é relegado
a um plano último. Então, “já que o sábado é um dia perdido mesmo”, ele é
utilizado para “tirar o atraso sexual”. Claro que o discurso e as
justificativas serão os mais positivos e espirituais possíveis... Devemos dar
tempo de qualidade à família e ao cônjuge todos os dias.
O
Comentário Bíblico Adventista, volume
4, páginas 326 e 327, diz o seguinte sobre Isaías 58:13: “A essência do pecado
é o egoísmo: fazer o que se deseja, sem levar em consideração a Deus ou ao
próximo. O sábado dá ao ser humano a oportunidade de subjugar o egoísmo e
cultivar o hábito de fazer o que agrada a Deus (1Jo 3:22) e que contribui para
o bem-estar de outros.” O texto não está dizendo que atos egoístas podem ser
praticados nos demais dias da semana. Não está dizendo isso! O texto diz que no
sábado devemos viver uma vida de prazer altruísta, focada em nosso
relacionamento íntimo com Deus. Grande quantidade de atividades permitidas nos
demais dias da semana deve ser substituída no sábado por outras focadas em
nosso relacionamento íntimo com Deus. Esse relacionamento produzirá atos de
bondade e misericórdia para com o próximo. Desejos de satisfação própria deixam
de ser prioritários quando entronizamos o Senhor do sábado.
Quando
se lê o que Ellen White escreveu sobre o preparo para o sábado, é impossível
não notar que atividades muito mais simples do que o sexo sabático são ali
reprovadas. Como exemplo, veja o texto a seguir: “Na sexta-feira, deverá ficar
terminada a preparação para o sábado. Tenhamos o cuidado de pôr toda a roupa em
ordem e deixar cozido o que houver para cozer. Escovar os sapatos e tomar o
banho. É possível deixar tudo preparado, caso se tome isso como regra. O sábado
não deve ser empregado em consertar roupa, cozer o alimento, nem em
divertimentos ou quaisquer outras ocupações mundanas. Antes do pôr do sol,
coloquemos de parte todo trabalho secular, e façamos desaparecer os jornais profanos.
Os pais devem explicar aos filhos esse procedimento e induzi-los a ajudarem na
preparação, a fim de observar o sábado segundo o mandamento” (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 355).
Lembrando
que ocupações mundanas não são proibidas em si, mas elas o são no sábado. São
atividades comuns que não nos aproximam de Deus, sendo reservadas para os
demais dias da semana.
“A
sexta-feira é o dia de preparação. O tempo pode ser então dedicado a fazer os
necessários preparativos para o sábado, a pensar e falar sobre isso. Coisa
alguma que possa, aos olhos do Céu, ser considerada transgressão do santo
sábado, deve ser deixada por dizer ou fazer no sábado. Deus requer, não somente
que nos abstenhamos do trabalho físico no sábado, mas que a mente seja disciplinada
de modo a pensar em temas santos. O quarto mandamento é transgredido mediante o
conversar-se sobre coisas mundanas, ou leves e frívolas. Falar sobre qualquer
coisa ou sobre tudo que nos vem à mente, é falar nossas próprias palavras. Todo
desvio do direito nos põe em servidão e condenação” (Testemunhos Seletos, v. 1, p. 290).
A
mente tem que ser disciplinada para pensar em temas santos no sábado. Será que
pensar em sexo é um tema adequado para o sábado? O sexo não é pecaminoso, assim
como várias outras atividades proibidas para o sábado também não são
pecaminosas em si. Atividades pecaminosas não podem ser praticadas em dia
nenhum, não só no sábado. Porém, várias atividades que não são pecaminosas não
devem ser praticadas no sábado.
Tanto
no Antigo quanto no Novo Testamento aparecem textos em que são retratadas a
abstenção sexual em determinados momentos de santificação. Esses textos não
falam especificamente sobre o sábado, mas demonstram que, sob certas condições
de santificação, era necessário se abster da prática sexual. O que será que isso
pode dizer à igreja da atualidade?
Êxodo
19:14 e 15: quando o povo estava se consagrando para receber a santa lei de
Deus, foi determinado que eles não se chegassem a mulher. Por alguma razão,
Deus solicitou uma prática de abstenção para consagração do povo antes de
receber os dez mandamentos. Alguns imaginam que o que é santo é santo de igual
forma e intensidade. Seria difícil essa pessoa explicar a diferença entre os
dois compartimentos do santuário, o santo e o santíssimo. Obviamente, existem
níveis de santidade. A lei de Deus era colocada no santíssimo, num lugar
distinto e mais especial do que as demais leis: dentro da arca da aliança. Não
existe nada mais santo do que a lei de Deus, pois representa o próprio Deus,
Seu caráter. O sexo é santo somente no casamento. E precisa seguir as normas
dos dez mandamentos para continuar sendo santo. Não adulterar, não desejar a
mulher do próximo, lembrar-se do dia do sábado são alguns exemplos de
mandamentos que norteiam o casamento e o sexo no casamento.
I
Samuel 21:4-6: apresenta outro caso em que a abstenção do contato com as
mulheres foi avaliado e determinante na questão. Mesmo que seja apenas um
aspecto cerimonial, ela pode encerrar um princípio moral relevante ainda em
nossos dias.
I
Coríntios 7:5: ao Paulo solicitar que não houvesse um tempo muito grande de
abstinência sexual para não cair em tentação, ele destaca um ponto interessante
que encontra eco nos textos anteriores e que contraria filosofias pagãs que acreditam
que o sexo aproxima os seres humanos da divindade. Por alguma razão o texto
apresenta um conflito de interesses entre a oração e a prática sexual. O texto
claramente destaca que a prática sexual não possui as mesmas propriedades
espirituais da oração que eleva a humanidade até Deus.
No
Antigo Testamento, aparecem muito frequentemente a prostituição cultual como
uma demonstração da crença pagã de que a prática sexual elevava a humanidade até
a divindade. E essa prática sexual era muitas vezes entronizada nos templos
pagãos. Alguns parecem acreditar que possuem uma espécie de “carne santa”, e
que tudo o que fazem está revestido de santidade. E que a prática sexual os
elevaria a Deus, devendo ser praticada no sábado.
“A
Religião do Falo ensina até hoje que, ao orar, o homem invoca Deus; mas, ao
unir-se sexualmente à sua mulher, se converte em Deus. O fogo do sexo é o fogo
da santidade; a origem do sexo tem a raiz na própria Divindade. O sexo está em
Deus, assim como o Filho está no Pai. O sexo e a santidade são duas linhas
paralelas que se encontram em Deus; mas os olhos do libertino e os do hipócrita
e fanático não podem ver esse encontro” (Do
Sexo à Divindade: As religiões e seus mistérios, de Jorge Adoum, p. 18).
“Devemos
esclarecer, de uma vez por todas, que, se os sacerdotes deram ao povo o culto
da adoração ao Sol e aos planetas, foi porque os homens começaram a perverter a
religião do sexo” (ibidem, p. 20).
“A
união carnal, para os adoradores do sexo, é obra luminosa. Toda união é motivo
de criação ou expressão. O mal não está no ato, e sim nos pensamentos que o
precedem e o acompanham” (ibidem, p. 19).
Esses
textos são uma amostra do pensamento pagão de que o sexo elevaria o ser humano
a Deus. Alguns adventistas têm argumentado de forma semelhante ao tentar
justificar a prática sexual sabática como uma ação que elevaria o ser humano a
Deus, e que essa prática estaria em total sintonia com o espírito sabático.
No
livro de Heschel, O Schabbat, é
destacado o sábado como o santuário/templo no tempo. Onde quer que estejamos
poderemos estar no templo do tempo, o santo sábado. É preocupante quando se
defende a prática sexual no templo do tempo, assemelhando-se, assim, de certa
forma, aos pagãos em seus pensamentos e práticas.
Conclusão
Sábado
não é o dia da família. Não é o dia das minhas vontades sexuais. Sábado é o dia
do Senhor. É dia de fazer a vontade de Deus. É o dia de se relacionar
intimamente com Ele. Claro que isso tudo irá refletir no relacionamento com o
próximo, mas não a ponto de ofuscar e/ou distorcer o relacionamento com Deus.
“George
Knight mencionou certa ocasião a existência de uma pergunta ‘anticristã’ e
outra ‘cristã’ em relação ao sábado. A pergunta anticristã é: ‘Posso fazer isso
no sábado e ainda ser salvo?’ e a pergunta cristã seria: ‘Qual é a melhor
maneira de observar o sábado?’” (O Sábado
na Bíblia, p. 112).
“O
sábado não deve ser passado em ociosidade, mas tanto em casa como na igreja,
cumpre-nos manifestar espírito de adoração. [...] Nesse dia todas as energias
da alma devem estar despertas; pois não temos que nos encontrar com Deus e com
Cristo, nosso Salvador?” (Testemunhos Seletos,
v. 3, p. 28).
O
fato de não existirem textos específicos sobre determinado detalhe não pode ser
um salvo conduto para se praticar todas as possibilidades. Quando se fala em
roupa decente, por exemplo, já se está apresentando o padrão a ser seguido, não
uma roupa específica. Na questão do sábado, de igual forma, temos claros
princípios bem firmados e estabelecidos por Deus, tanto revelados na Bíblia quanto
no Espírito de Profecia.
A
Bíblia e Ellen White falam pouco sobre a sexualidade, mas o suficiente para
entendermos os princípios que devem nortear nossos procedimentos práticos
diários.
À
lei e ao testemunho são os critérios válidos para testar se algo é de Deus ou
não. O casamento foi criado por Deus antes mesmo da existência do pecado e deve
ser resguardado dele. Pecado é a transgressão da lei. O casamento deve ser
norteado pela prática dos dez mandamentos. Por isso não se deve adulterar, pois
a lei diz: “Não adulterarás.” Não se deve desejar a mulher do próximo, pois a
lei determinada assim. Não se deve transgredir o santo sábado, pois a lei
também destaca a importância de se lembrar de santificar o sétimo dia.
(Vanderlei
Ricken é bibliotecário)
[Conheça
agora outra linha de argumentação, a favor do “pode”. O primeiro material vem
do livro Sexo: Respostas honestas a perguntas
sinceras, da Casa Publicadora Brasileira, escrito por Jorge Bruno e
Maurício Bruno. Veja o que consta no capítulo 5 dessa obra:]
Se
a relação sexual é do tipo concupiscente ou oposta à ordem natural estabelecida
por Deus, será ilícita não só no sábado, mas em qualquer outro dia da semana.
Quando se trata de uma relação legítima, fundada no amor como princípio
racional, nenhum membro da igreja vê problema em mantê-las nos dias comuns da
semana. Mas por que se questiona fazê-lo no dia do Senhor? Em relação a essa
dúvida, temos visto e ouvido muitas discussões que não ajudam a unidade da
igreja. Cremos que deve haver suficiente amplitude de mente e espaço
eclesiástico para o pensamento das posturas que defendem o “sim” e o “não”. Não
há motivo para dogmatizar em assuntos que são uma questão de consciência, sobre
os quais não há um claro “assim diz o Senhor”, nem sequer uma palavra explícita
no Espírito de Profecia.
Os
que defendem o “não” apresentam o argumento de Isaías 58:13 e 14: “Se desviares
o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo
dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o
honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria
vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor...” A ideia é que não se pode fazer a própria
vontade no dia de sábado, e fazer o ato sexual é, segundo eles, um ato
voluntário próprio. Os que defendem o “sim” respondem a esse argumento dizendo
que se o ato sexual se harmoniza com o plano de Deus para a sexualidade humana,
aquilo que se faz não se opõe à vontade de Deus nem à santidade do sábado,
muito ao contrário, exalta e a magnificas.
No
sábado, eu decido ir à igreja, e esse é um ato de minha vontade, muito legítimo
por certo, mas ninguém o questiona porque está em harmonia com a vontade de
Deus. É a vontade divina que torno minha. Assim também acontece com a
sexualidade, já que é legítima quando se harmoniza com essa vontade criadora
que a inventou. Deus designou que fosse posta em ação a partir daquela primeira
sexta-feira da criação, quando disse: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
Terra” (Gênesis 1:28). Isso não dá permissão à mera complacência carnal,
naturalmente – como todas as coisas – desviada do ideal divino. É curioso que a
ordem fora dada na sexta-feira, antes do pôr do sol, e que a oportunidade de
concretizá-la pela primeira vez estava precisamente naquele glorioso primeiro
sábado da criação, que Adão e Eva passaram juntos, inaugurando sua
“lua-de-mel”. Daquilo que foi feito e dito na sexta-feira, Deus declarou que
era “muito bom” (Gênesis 1:31), superlativo que inclui indubitavelmente a
sexualidade para colocar em ação o maravilhoso fenômeno da procriação.
Outra
coisa: a Palavra de Deus apresenta um pormenor significativo para nós hoje.
Quando Adão e Eva foram apresentados um ao outro, diz-se-nos que “estavam nus e
não se envergonhavam” (Gênesis 2:25). Essa expressão descreve para nós a
transparência e intimidade física que faz com que os esposos possam estar despidos
e desejar-se um ao outro. Isso facilita iniciar o jogo amoroso que os levará ao
êxtase supremo do prazer planejado e ordenado pelo Criador. Quando se faz
aquilo que foi planejado por Deus, nada pode torná-lo profano ou sujo, como
tampouco fazê-lo violar o santo dia do Senhor, porque o santo não pode
invalidar o santo.
Nossa
opinião é que não há sabedoria em posições extremistas para o “sim” ou para o
“não”. Referimo-nos aos que creem que é um grande pecado fazê-lo no sábado e
aos que creem que não deve haver limite algum sobre o assunto. Não se deve
impor nenhuma postura pela força de uma posição de liderança eclesiástica.
Cremos que deve haver respeito mútuo entre os que defendem uma ou outra
posição, e que finalmente cada um deve decidir. Em assuntos de consciência,
cada qual deve ser deixado livre. Quando o casal não está de acordo,
entretanto, já que um defende o “sim” e o outro o “não”, a decisão que
aconselhamos é a favor do não. Dessa forma, aquele que crê ser errado fazer
sexo não violará sua consciência moral, pecando consequentemente.
Por
fim, nossa posição é que não há nada que possa tornar ilícito ou imoral o ato
sexual no dia do sábado. Isto é, desde que seja um ato legítimo que não
interfira com o dar a primazia a Deus e às atividades sagradas do sábado
planejadas pela igreja. Também pensamos que, embora seja legítimo fazê-lo no
sábado, não se deveria planejá-lo sistematicamente para esse dia, como tampouco
para nenhum dia específico da semana, dando assim lugar à espontaneidade.
É
errado fazer sexo no sábado?
Respondemos
que não há nada sujo ou errado no sexo praticado como Deus manda [e não como o
homem bem entende] e que, portanto, não violamos o dia do Senhor amando-nos
sexualmente. Essa pergunta se encaixa no contexto da ideia de que o sexo tem em
si mesmo algo mau e que por isso é incompatível com o dia santo.
Lamentavelmente,
ainda existe na grande comunidade cristã o preconceito milenar de que o sexo
teve algo a ver com o pecado original do casal edênico. Portanto, crê-se que é
um “mal necessário” para procriar, mas que fora isso, praticá-lo por puro
prazer é promover as “concupiscências da carne” e desejar o pecado. Tal postura
é totalmente antibíblica, já que antes da queda o casal edênico recebeu a ordem
de povoar a Terra, obviamente, amando-se sexualmente. Além disso, o pecado
original está relacionado com a desobediência produzida pelo espírito de
independência da vontade de Deus. Não há outro pecado original, e menos ainda
que tenha alguma relação com o sexo. O que está claro na Bíblia, sim, é que o
pecado degradou o sexo e o submergiu no lodaçal das paixões impuras e
descontroladas. Mas, quando ele é praticado segundo o plano de Deus, é uma
atividade que une e fortalece o amor. Também provê intenso prazer e produz a
maravilha de um novo ser feito à imagem de Deus e à imagem de seus
progenitores.
No
livro de Provérbios, a relação sexual não tem limitações de tempo, pois está
escrito: “Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as
suas carícias” (5:19). Obviamente, em todo o tempo e sempre incluem os sete
dias da semana. A propósito, recomendamos que leia e estude com oração todo o
capítulo 5 de Provérbios. Esse capítulo contém as duas faces da paixão, a
impura que leva ao adultério e a pura que conduz ao gozo delicioso do amor
físico planejado por Deus.
Existe
na Bíblia, entretanto, uma declaração específica que proíbe fazer sexo durante
o período menstrual da mulher. Levítico 20:18 diz: “Se um homem se deitar com
mulher no tempo da enfermidade dela e lhe descobrir a nudez, descobrindo a sua
fonte, e ela descobrir a fonte do seu sangue, ambos serão eliminados do meio do
seu povo.” (Ver também Levítico 18:19.) Vários séculos depois, o profeta
Ezequiel registrou as palavras de Deus que relacionam o “homem justo” com
aquele que não se chega “à mulher na sua menstruação” (Ezequiel 18:5 e 6). Hoje
podemos compreender que, por razões higiênicas e estéticas, a penetração deve
ser descartada durante as regras da mulher. [Leia agora este artigo de um professor de Teologia da Universidade Andrews. Clique aqui.]
[Finalmente,
assista ao vídeo produzido pelo apresentado do programa “Na Mira da Verdade”,
Leandro Quadros:]
Eu
sei que devemos respeitar todas as pessoas e todas as religiões que promovem a
paz. Aprecio muito a organização e o trabalho de porta em porta desenvolvido
pelas testemunhas de Jeová e sei que há muitas pessoas sinceras nessa denominação,
como também em todas as outras. Mas ouvi falar que a Sociedade Torre de Vigia já
divulgou muitas profecias que não tiveram cumprimento. Isso é verdade? – V.
Infelizmente, é verdade, sim. A lista a
seguir foi extraída do livro O Desafio da
Torre de Vigia, do jornalista Azenilto Brito. Ele fez uma extensa pesquisa
em publicações da Sociedade Torre de Vigia. O livro digital pode ser pedido por
estes e-mails: profazenilto@hotmail.com ou atalaiadesiao@yahoo.com.br
I – Reivindicações insustentáveis
1. “A Sociedade Torre de Vigia de Bíblias
e Tratados é a maior corporação do mundo, porque desde o tempo de sua
organização [1884] até agora o Senhor a tem usado como Seu canal mediante o
qual torna conhecidas as Boas Novas” (The
Finished Mystery, p. 144).
2. “A ‘Sociedade’ é o representante
visível do Senhor sobre a Terra” (Jehovah’s
Witnesses, p. 149).
3. “A organização visível de Deus hoje
também recebe orientação e direção teocráticas. Na sede das Testemunhas de
Jeová, em Brooklyn, Nova Iorque, existe um corpo governante de anciãos cristãos
de várias partes da Terra que dão a necessária supervisão às atividades
mundiais do povo de Deus. Este corpo governante é composto de membros do
‘escravo fiel e discreto’ [Mateus 24:45 subentendido]. Os homens desse corpo
governante... sendo governados teocraticamente, seguem o exemplo do primitivo
corpo governante de Jerusalém, cujas decisões baseavam-se na Palavra de Deus e
eram feitas sob a direção do espírito santo” (Poderá Viver, p. 195).
4. Ensinos originários do céu: Cumprir-se-á Então, p. 212-214; Sentinela, 1º de outubro de 1972, p. 528
(último parágrafo) e 584 (§§ 6 e 7).
Obs.: Para outras declarações pretensiosas
do mesmo teor, ver: Santificado Seja,
p. 296, 297, 303, 308; Seja Feita, p.
166, 167, 200; Verdade Tornará, p.
311, 312; Nações Terão, p. 62, 63; Paraíso Restabelecido, p. 333-335.
II – Uma relação comprometedora para uma teocracia
Abaixo estão listadas 50 falsas profecias,
falsas datas proféticas e falsos esquemas proféticos da Sociedade Torre de
Vigia, desde C. T. Russell, seu fundador, até o presente, comprovadas com a
literatura editada ao longo dos anos pela organização:
1. Advento visível, literal de Cristo em 1874: The Finished, p. 53, 54. Obs.: Era a expectativa inicial de
Russell, segundo ensinos que acatara de Jonas Wendell, em 1872.
2. Advento invisível (começo da parousia) em 1874: Criação, p. 125*; Prophecy,
p. 65; Sentinela 15/2/75, p. 122; The Finished, p. 167.* Obs.: Essa foi a nova
interpretação originada por Nelson Barbour e aceita por Russell em 1876. A data
agora admitida para o mesmo evento é 1914.
3. Fim dos 6.000 anos desde a criação do
homem, e começo do 7º milênio em 1872: Studies
(Millenial Dawn) – II, p. 3; Sentinela, 15/2/75, p. 122; Aproximou-se Reino, p. 207.
4. Início do 7º milênio desde a queda do
homem, com dois anos desde a criação até a queda: Sentinela, 15/2/75, p. 122; Aproximou-se
Reino, p. 207. Obs.: A data presentemente admitida para o fim dos 6.000
anos desde a criação do homem e início do 7º milênio é 1975. Nada é dito de
dois anos entre a criação e a queda.
5. Começo do tempo de angústia em 1874,
segundo 3.416 polegadas de medidas da Grande Pirâmide (simbolizando 3.416 anos
proféticos desde 1.542 a.C.: 3416 - 1542 = 1.874). Studies in the Scripture – III, 234, edição de 1918.
6. Começo do tempo de angústia em 1915, segundo 3.457 polegadas de
medidas da Grande Pirâmide (simbolizando 3.457 anos proféticos desde 1.542 a.C.:
3457 - 1542 = 1915). Studies – III,
342, edição de 1923.
7. Domínio restaurado à humanidade (Paraíso
restabelecido) no ano de 2.914 d.C.: The
Finished, p. 60, 64* [ver § 43].
8. Data da criação do primeiro homem – 4.128
A.C.: Aproximou-se Reino, p. 206. Obs.:
A data atualmente admitida é 4.026 A.C.
9. Datas proféticas baseadas na desolação
de Israel: The Finished, p. 61; O Eterno Propósito de Deus Vai Triunfando
Agora, p. 9, 10.
10. Arrebatamento e glorificação do
“remanescente”, súbita e miraculosamente, em 1878, para viver com o Senhor para
sempre (ressurreição invisível dos santos adormecidos): The Finished, p. 64*; Los
Testigos de Jehová en el Propósito Divino, p. 19.
11. Esquema profético sobre o “dobro” – 1845
anos desde 33 a.C. levando a 1878 d.C., ano em que haveria especial favor de
Deus ao Israel literal: The Finished,
p. 64*; Vida, p. 159. Obs.: Tanto o
esquema quanto a data deixaram de ter sentido para a atual cronologia “bíblica”
da Sociedade Torre de Vigia (STV).
12. Alto clamor iniciando-se em 1881: The Finished, p. 64* (§ 2º, 4ª linha). Obs.:
A data agora é 1919, cf. Aproximou-se
Reino, p. 191.
13. Tempo de angústia inigualável entre 1874
e 1914: Santificado Seja, p. 306, 307;
Cumprir-se-á Então, p. 267, 276.
14. A redenção do corpo (a igreja de Cristo,
cf. Rm 8:22, 23) antes de 1914: Studies
(Millenial Dawn)
– III, p. 228,* ed. 1902.
15. A glorificação da igreja e o estabelecimento
do Reino (sobre a Terra) no ano de 1914: Studies,
II, p. 77*; Light, Livro 1, p. 194* e
195*; Cumprir-se-á Então, p. 110,
210; Sentinela, 15/2/75, p. 123; Aproximou-se Reino, p. 188; Próxima Salvação, p. 130, 131; Clímax Próximo, p. 130.
16. Início da fase terrestre do Reino.
Ressurreição de heróis da Bíblia até João Batista no fim de 1914: Studies – IV, p. 624, 625.
17. O Armagedom como consequência da Primeira
Guerra Mundial: Santificado Seja, ps.
306, 307; Cumprir-se-á Então, p. 267,
276.
18. Destruição das nações gentias em 1914: Sentinela, 15/2/75, p. 123; Aproximou-se Reino, p. 188.
19. Fim da cegueira espiritual dos judeus, e
Jerusalém não mais pisada pelos gentios a começar em 1914: Studies (Millenial Dawn)
– II, p. 77,* edição de 1904.
20. Reino estabelecido em 1915: The Finished, p. 128*; Studies – IV, p. 624, 625; Light, p. 195.*
21. Passagem de Russell para “além do véu”
(ida para o Céu) quando de sua morte, em 1916, onde se teria posto a dirigir a
obra da “Ceifa”: The Fihished, p. 144,*
420; Los Testigos de Jehová en el
Propósito Divino, p. 63, 64. Obs.: Cria-se, então, que a ressurreição
invisível dos salvos começara em 1878. Em 1927, concluiu-se que somente tivera
lugar desde 1918 (Paraíso Perdido, p.
192). Teria Russell chegado ao céu antes da hora?
22. Glorificação do “remanescente” em 1918: Próxima Salvação, p. 131. Obs.: A ideia
é de glorificação literal, nova expectativa de irem para o Céu após os
desapontamentos de 1878, 1914 e 1915. Atualmente, 1918 é aplicado ao início da
ressurreição “invisível” da “classe ungida” de 144.000 membros.
23. Igrejas destruídas por atacado e membros
da cristandade mortos aos milhões [cf. Ez 24:25, 26] em 1918: The Finished, p. 485.*
24. Russell, “sinal” para os que consultarem
seus livros (10 milhões espalhados pelo mundo) após a mortandade de 1918 [cf.
Ez 24:27]: The Finished, p. 485.*
25. Russell, cumprimento de Ezequiel 9:4-11;
10:1-7 e outras profecias: Cumprir-se-á
Então, p. 110, 111. Obs.: Aplicação agora aos 144.000 ungidos: Cumprir-se-á Então, p. 113.
26. Sete trovões e sete pragas (Ap 16) – os
7 volumes de Studies in the Scriptures:
The Finished, p. 167.*
27. “Colheita” concluída em 1919. Pela
frente só “obra de respiga”: Paraíso Restabelecido,
p. 159, 160.
28. Repúblicas mundiais totalmente
subvertidas entre 1917 e 1920, especialmente 1920: The Finished, p. 258.*
29. Fechamento do caminho celestial (tempo
de graça) em 1921: The Finished, p.
64.*
30. Ressurreição, em 1925, dos heróis de
Hebreus 11: Milhões Agora, p. 110,*
111,* 122*; The Way, p. 224,* 228*; Salvação, p. 275,* 276.* Obs.: Em Salvação,há menção a Beth-Sarim, casa para morada dos “príncipes” ressurretos
(depois de 1925). Ver foto da casa na p. 275* [Est. nº 3, Subt. III, §§ 7 e 8].
31. Reino estabelecido na Palestina em 1925:
The Finished, p. 128*; Milhões Agora, p. 110,* 111,* 122*; The Way, p. 224,* 228.*
32. Ressurreição geral a partir de 1925 com
intervenção dos “príncipes”: The Way,
p. 226,* 232*; Anuário... 1976, p.
217, 146.
33. Deus retorna judeus à Palestina quando
da ressurreição e restauração do Reino em 1925: The Way, p. 224.*
34. Jerusalém, capital do mundo no Reino
restaurado (1925): The Way, p. 224.*
35. Nenhuma morte após 1925. Decoradores
funerários devem arranjar novas ocupações: The
Way, p. 228* (cf. 224*).
36. Após falha das predições sobre 1925,
novas interpretações sobre o retorno dos judeus: Vida, p. 163, 172, 173-175; Próxima
Salvação, p. 130; Clímax Próximo,
p. 118; Proclamadores do Reino, p.
141.
37. Predição de Rutherford (cerca de 1937):
nazistas invadiriam a Suíça e a dominariam na Segunda Guerra Mundial: O Juiz Rutherford Expõe a Quinta Coluna,
p. 15.* Obs.: Livreto editado em julho de 1940.
38. Predição de Rutherford (1938): nazistas
destruiriam o Império Britânico: O Juiz
Rutherford Expõe a Quinta Coluna, p. 15.*
39. Predição de Rutherford (1938): ditadores
aliados à hierarquia católica se apoderarariam “do domínio de quasi [sic] todas
as nações, se não for de todas”, dominando-as por pouco tempo: O Juiz Rutherford Expõe a Quinta Coluna,
p. 15.* Obs.: Isso em conexão com a II Guerra Mundial.
40. Predição de Rutherford: tempo de
angústia e Armagedom em resultado direto da Segunda Guerra Mundial: O Juiz Rutherford Expõe a Quinta Coluna,
p. 16.*
41. Predição de Rutherford: desmascaramento
do catolicismo no Armagedom, logo após a Segunda Guerra Mundial: O Juiz Rutherford Expõe a Quinta Coluna,
p. 17, 22.
42. Começa o milênio, outubro de 1975:
comparar Vida Eterna, p. 28, 29, 20,
357; Seja Deus (ed. 1949), p. 174,
175; Novos Céus, p. 374; Caiu Babilônia, p. 218; Sentinela, 1º/5/1973, p. 244.
43. Restituição completada em 2875 d.C.: The Finished, p. 60. Obs.: Embora essa
data seja futura, não é preciso esperar para que se confirme. Foi estabelecida
com base nas medidas da pirâmide de Gizé e, logicamente, não é mais considerada
corretas pelas “testemunhas” em nossos dias. O segundo dirigente da Sociedade
Torre de Vigia, o “juiz” Rutherford, concluiu serem “ímpios” os que
persistissem crendo na teoria de profecias estabelecidas por medidas da grande
pirâmide egípcia (ideia advogada pelo fundador da Sociedade, Charles Russell, e
ensinada com convicção por 35 anos) – ver Light,
Livro 1, p. 12.*
44. Queda de Adão em 4.127 a.C.: The Finished, p. 64.*
45. Data da criação do primeiro homem, 4.025
a.C.: Equipado Para Toda Boa Obra, p.
143; Novos Céus, p. 379. Obs.: A data
atualmente admitida é 4.026 a.C.
46. Data a partir da qual calcular os 2.520
“dias proféticos” (606 a.C.): Light,
Livro 1, p. 195*; Vida, p. 107. Obs.:
A data atualmente admitida é 607 a.C.
47. Os 1.260 dias de Ap 12:6, 14 – tempo de
duração da guerra no Céu: Novos Céus,
p. 219.
48. Os 1.260 dias: período que vai de março
de 1919 a setembro de 1922 (cf. Ap 11:1-3): Próximo
Reino, p. 312, 313.
49. Os 1.260 dias: período que vai de meados
de novembro de 1914 a maio de 1918 (cf. Ap 11:1-3): Seja Feita, p. 166. Obs.: Atual interpretação para os 1.260 dias:
a) Ap 11:2 e 3 aplica-se ao período de 4/5
de outubro de 1914 a 27 de março de 1918: Cumprir-se-á
Então, p. 262, 264, 332.
b) Nova interpretação (em separado) para
Ap 12:6, 14: tempo que vai de 13/14 de abril de 1919 a 4/5 de outubro de 1922: Cumprir-se-á Então, p. 315, 316.
50. As 2.300 “tardes e manhãs” de Dn 8:14 – período
de 25/5/1926 a 15/10/1932: Seja Feita,
p. 198, § 44. Obs.: Contrastar com o Anuário
das Testemunhas de Jeová de 1976, p. 247, onde o mesmo tempo profético
torna-se de 1º a 15 de junho de 1938 a 8-22 de outubro de 1944.
Conclusão: Apesar disso tudo, a Sociedade Torre de
Vigia de Bíblias e Tratados reivindica ser uma entidade teocrática, ou seja,
diretamente dirigida por Deus, representando o “carro antitípico de Jeová” (Ez
1), o servo ao qual o Senhor confiou Seus bens (Mt 24:45-47), o Israel
espiritual, o exclusivo canal para a transmissão da verdade divina, etc. Seus
livros são referidos como instrumentos de advertência e desmascaramento dos
erros e hipocrisia da cristandade.
III – Luz progressiva ou “pisca-pisca”?
1. No caso das alterações doutrinárias
frequentes, a passagem de Provérbios 4:18 sobre a “vereda do justo” comparada à
“luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” não pode ser
aplicada. Deus não enviaria novas luzes para contradizer aquelas anteriormente
concedidas por Ele mesmo.
2. O contexto de Provérbios 4:18 indica que
o tema não é progresso de conhecimento e aprimoramento doutrinário de entidades
religiosas, mas o despertar do indivíduo para a vida adulta, avançando
intelectual e moralmente ao acolher as recomendações dos mais velhos,
especialmente dos pais, em contraste com a atitude do ímpio.
3. Exemplo de “luz progressiva” que mais se
parece com um “pisca-pisca” é a interpretação sobre as “autoridades superiores”
de Romanos 13. Segundo Seja Deus, p.
241, 242 e Certificai-vos (ed. 1960),
p. 55, referem-se somente a Jeová e Jesus Cristo, não aos governos humanos. Mas
os livros Certificai-vos (ed. 1970),
p. 52, 53, e Vida Eterna, p. 199,
201, 203 (§ 29) já admitem que se referem aos governos terrestres, voltando à
posição anterior e harmonizando-se com o pensamento histórico da “cristandade”.
Obs.: No livro Verdade Tornará, ed.
1946, p. 315 e 316, há críticas aos que creem que as autoridades superiores
sejam os governantes humanos. Declara ainda que “em 1929 irrompeu luz clara”
sobre o assunto, confirmando que seriam apenas Jeová e Jesus Cristo. Assim, a “Sociedade”
voltou atrás e readmitiu a interpretação anterior a 1929, que sempre foi a dos
cristãos em geral, que não teriam a “verdade”. Que aconteceu? A luz que
brilhava apagou-se e tornou a acender-se mais tarde? E permanecerá assim acesa?
Ou existirá a possibilidade de alguma “nova luz” vir a alterar a interpretação?
Tal indagação não é sem sentido, nem exagerada, pois isso já aconteceu no
passado. Senão, vejamos:
4. Em resposta à pergunta “Os homens
de Sodoma ressuscitarão?”, a “Sociedade” tomou as seguintes posições
alternadas:
Sim:Watchtower [A Sentinela], jul., 1879, p. 8.
Sim: Watchtower [A
Sentinela], 1º de agosto de 1965, p. 479.
Sim:Aid to Bible Understanding,*eds. de de 1969 e 1988, vb. “Gomorra”.
Não:
Watchtower
[A Sentinela], 1º de junho de 1952, p. 338.
Não:
A Sentinela,
1º de junho de 1988, p. 30, 31.
Não:
Clímax Próximo,
edição de 1988, p. 273.
* Mais tarde, Insight on the Scriptures; em português: Estudo Perspicaz das Escrituras.
5. Entre 1967 e 1980, a Torre de Vigia
ensinava que seus adeptos deveriam recusar os transplantes como violação da lei
de Deus (cf. The Watchtower 15/11/67,
p. 702-704). Outra de suas publicações até declarava que as “testemunhas”
consideravam “todos os transplantes como canibalismo” (Awake [Despertai], 8/6/68, p. 21).
a) Eis os comentários de David Reed, que
atuou no seio dessa organização contraditória:
“Durante esses 13 anos, requeria-se das testemunhas
de Jeová que preferissem a cegueira a um transplante de córnea, e morrer de preferência
a submeter-se a um transplante de rins. (Um ex-ancião entrevistado na
Inglaterra diz que renunciou a suas crenças após uma mulher em sua congregação
ter ficado cega em obediência às ordens da organização). Em 1980, a Sociedade
tornou os transplantes uma questão de ‘decisão pessoal’” (Watchtower, 15/3/80, p. 31). “E agora admite que as pessoas são
‘ajudadas’ por transplantes. Quão sábio é confiar o bem-estar espiritual de
alguém a uma organização que tem representado mal a lei de Deus em tais
questões de vida ou morte?” (Citado em Comments
From the Friends, outubro de 1980, p. 9).
b) Sendo que a teologia e as interpretações
proféticas da Torre de Vigia mudam tanto com o passar do tempo (muitas vezes
terminando em harmonia com o pensamento dos cristãos em geral), quem garante
que as atuais posições serão válidas dentro das próxima décadas?
c) Uma passagem bíblica que vale a pena
considerar neste contexto é 1 João 4:1: “Amados, não acrediteis
em toda expressão inspirada, mas provai as expressões inspiradas para ver se se
originam de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora”
(TNM).